Home Niilismo Como Cálice Sagrado

Em uma das mais antigas, e mais populares histórias dos países anglofônicos, um punhado de cavaleiros buscam um objeto mítico chamado de Cálice Sagrado. No decorrer de suas aventuras para buscá-lo, eles superam a ilusão e o medo e se tornam um só com uma ordem natural ao cosmos, sendo também capazes de fazer o que é necessário para transcender às proteções sobrenaturais do cálice e de “alcançá-lo”.

Para qualquer pessoa que leu muito, ou é famíliar com a estrutura da lenda, é claro que o cálice é um símbolo e que a real aquisição é o conhecimento e a força adquiridos na sua busca. Mesmo que o cálice por si só tenha poderes místicos, o mito da jornada é o de que os cavaleiros ganham poderes míticos, e assim, passam de um nível de poder a outro. Esse poder afeta a organização de sua consciência, e entretanto, os leva a um maior grau de efetividade, bem como os treinos de artes marciais melhora as habilidades de combate de alguém.

Quando falamos de niilismo, é extraordinariamente difícil aparecer com uma definição básica para ele da mesma forma que explicar uma linguagem a uma vaca é difícil – a não ser que você já tenha uma compreensão do arquétipo básico no qual a definição é construída é quase impossível compreendê-la. É como uma coisa de outro mundo, nas histórias de H.P. Lovecraft, que aparecem para nós como terríveis por que percebê-las corretamente requere mais dimensões além daquelas que estamos conscientes. Niilismo é para a maioria de nós essa coisa de outra dimensão, como estamos acostumados ao moralismo judaico-cristão, nós não temos conhecimento de por que tal coisa poderia ser valorosa.

Niilismo pode ser descrito como uma rejeição do conhecimento, uma rejeição de crença e moralismo, ou uma rejeição de tomada de decição. É tudo isso, mas raramente da forma que descrevemos. Não faz nenhum sentido rejeitar todo o conhecimento, ou parar no meio de uma frase (aqui) por que rejeitou-se as memórias da linguagem. Faz pouco sentido rejeitar toda a crença e moralidade uma vez que isso destrói até mesmo a nossa fé na lógica, ou o nosso ethos (vontade) de querer descobrir a verdade. E para rejeitar a tomada de decisão, como um todo, é passividade, não niilismo. Então como defini-lo?

Uma forma de olhar para isso seria perceber que niilismo é uma rejeição de qualquer crença que seja excessivamente humana, por exemplo, que não tenha uma estrutura que faça par com a natureza. Isso significa que a não ser que nós vejamos razão para acreditar nos Deuses, nós não acreditaremos; que a não ser que vejamos razão para acreditar na igualdade, nós não acreditaremos; é uma forma de empirismo cético, educado e de mente-aberta. Não faz rejeições absolutas, mas equaliza o nosso conhecimento ao que é realista, rejeitando o sistema judaico de moral que cria sistemas arbitrários para equalizar artificialmente as vontades de indivíduos diferentes.

Mais do que empirismo, entretanto, niilismo poderia ser descrito como um portal para o realismo, mas uma forma de realismo na qual o intangível é reconhecido; a maior parte do realismo traduz-se rapidamente em materialismo, ou apenas na crença do mundo físico, o que não é o que o niilismo significa. Para os não iniciados, materialismo não tem problema até que alguém percebe que na definição filosófica, ter qualquer outro valor fora das coisas materiais – conforto, riqueza, sobrevivência – impede o materialismo.

O realismo niilista é uma compreensão de realidade que preserva nosso conhecimento da estrutura abstrata do cosmos, e ainda evita a interpretação ignorante de realismo como materialismo literal. Bem como cavaleiros indo em busca do cálice, nós geralmente devemos passar pela experiência em nossa vida antes que possamos entender porquê ela tem valor; isso nos traz de volta à questão de moralismo. Moralismo judaico volta-se para o indivíduo, e a preservação daquele indivíduo. O moralismo niilista liberta-se desse absoluto para considerar apenas o realismo.

De uma visão realista, por exemplo, um planeta super-populado precisa ser limpo. Entretanto um niilista não se preocupa se é “assassinato” (e ainda tabu) matar pessoas, mas concentra-se na morte das pessoas certas para que a humanidade e o mundo fique mais saudável. Por exemplo, para um niilista, é muito óbvio que sete bilhões de pessoas é muita coisa, e que matar as mais burras dessas pessoas no planeta terra será um passo positivo em torno da sanidade. Alguns podem entrar numa discussão de esterelização versus matança, mas para um niilista isso não é uma questão: é preciso fazer o que for preciso para consertar uma situação ruim, ao invés de se preocupar com os indivíduos na situação, uma vez que indivíduos são como água – uma comodidade da natureza, e mais serão criados.

Um niilista não adere às visões judaico-cristãs sobre moralismo em outros sentidos. A maioria dos niilistas não são inclinados à violência, mas onde quer que a violência seja a ferramenta certa para melhorar uma situação, eles não teriam uma proibição moral contra isso. Nem contra a guerra. Nem contra a preguiça, ou uso de drogas, ou qualquer outro comportamento “errado” - com a única advertência sendo que, em um sentido realista, deva ter propósito. Para um niilista, uma ação sem vontade é uma admissão de fatalismo, ou uma falta de habilidade de tomar decisões, e provavelmente merece a morte se repetida consecutivamente.

Apenas a realidade é real. Relegar o que está nas mentes humanas sem um correspondente natural nos mantém em contato com o que é real, para que então não nos percamos em noções surreais de Deus, Justiça, Liberdade, Dinheiro ou outras coisas que são nossos sistemas simbólicos para interpretação da vida, mas não são relevantes para a vida em si, exceto quando usadas de forma correta nessa capacidade. Quando alguém se torna um niilista, não é mais uma questão de aceitar valores absolutos, mas quais valores escolher – baseados na realidade, e um realismo permanente que reconhece o sagrado da vida como um todo.

Isso ultimamente é o paradoxo do niilismo: uma filosofia, é um portal para uma compreensão da ordem cósmica como ela é, não a criação de uma ordem cósmica alternativa (Deus/moralismo) que compele outras pessoas a agir para o benefício do indivíduo. É a única transcendencia do indivíduo, e ainda de medo da morte, que está disponível para nós, e suas doutrinas foram achadas no todo das culturas anciãs e religiões de mérito, mas seu apelo mais permanente se deu através do sentido comum: a realidade é real; supere o medo da morte e da baixa auto-estima, e faça o que é ótimo, não o que é um fantasma de uma mente solitária e temerosa.

August 20, 2007

Our gratitude to Dora for this translation.


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